quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos,
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

C.D.A

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A ingenuidade me emociona e assusta. Temo não estar lá, sempre e nunca, sem poder fazer nada. Pensando bem, quem sou eu? Sou desastrada de vida que se vai como todas as outras. Afetada pelos ciclos lunares e meu extrato bancário depois do dia 20. Sou flor e sou trator, alimento-me de carne e vento. Tenho raiva sempre que faço o mesmo caminho para chegar aos lugares. Não quero uma vida fácil - já não a tenho. O meu tesouro busco a cada novo dia. E isso basta. O resto eu ignoro ou reinvento – que jeito? Quando não há chuva no calor, cuspo para cima só para me iludir.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Morrem as Pessoas, Fica o Plástico

Recebi um e-mail hoje; não sei quem é o autor, mas vou reproduzir mesmo assim:

"SÓ PARA ESCLARECER A CRISE"

"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.

Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.

Os slides continuam

Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.

Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic,nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.

São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.

A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.

Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.

Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia."




segunda-feira, 28 de julho de 2008

oquequeéisso?

o que que é isso que a gente tem de levantar todos os dias?
o que que é isso de sorrir quando se ouve música?
o que que é isso de poder sentir preguiça?
o que que é isso que a gente chama de saudade?
isso que invade e renova.... o quê?

oventobatenaminhacaraeusintomeusporosabertos
meucachorrocorresobosoldofimdatardeenquantoeufumomeuscigarros
tododiatododiatododiatodadiatododiatododiatododiatododiatododiatododiatododia

terça-feira, 27 de maio de 2008

É assim


Acordei saudosa de sensações. Me conformei. Saudade, sensação, tristeza e solidão não são manifestações de Plástico.
Sigo só - por hoje. O caminho como eu escolhi é como é.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Imoral é ser infeliz!!

Nós que não precisamos provar nada para um Deus de Plástico apoiamos integralmente os direitos individuais de todos.
A vivência plena da sexualidade também é um direito.
Todas as formas de desejo são legítimas.
Ilegítima é a opressão.

ABAIXO A HIPOCRISIA E A PUTARIA VELADA!!!!
VIVA A DIVERSIDADE SEXUAL

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Plástico e as Ilusões

Fico realmente abismada como as pessoas recebem e reproduzem um discurso, vivenciando sentimentos angustiantes ao tentarem adequar seus comportamentos aos propósitos superficiais e nada autêntico da industria do plástico - i.é. indústria cultural voltada para o lucro, e sem o propósito de incitar a reflexão. São milhares pessoas no mundo inteiro mobilizando e gastando suas energias para a conquista de objetivos fúteis e vazios!

Nego vê o Fabio Assumpção ou o Rodrigo Santoro dirigindo um carrão rodeados de mulheres maravilhosas e acha que a vida deles é perfeita; a Caras (bosta de revista!) mostra o palácio das celebridades que usam bolsas de mais de R$ 15.000,00 (sem nenhuma vergonha) e muitas mulheres ficam sonhando e desejando a vida fantástica e glamourosa da "artista" - enquanto pagam sua lipo à prestação. É por isso que nunca se ouviu falar tanto em depressão e stress.... A imagem do glamour, do sucesso, do que é beleza é uma construção cruel e injusta com todos os seres mortais porque inculcam objetivos e valores impossíveis; a depressão é compreensível numa sociedade em que a maioria se mata de trabalhar para conquistar objetos que os satisfazem materialmente por um curto espaço de tempo, deixando de lado tudo que diz respeito à essência, à alma e à vida em sociedade.

Devemos ser mais críticos com os valores/idéias/imagens que recebemos e tomamos como certas, transformando-as inconscientemente em ideais. A indústria cultural produz celebridades porque celebridades vendem desde o sapato que usam até a boate que frequentam. Mas nenhuma revista ou matéria do jornal nos falam das crises de depressão, das desilusões, dos fracassos ou patifaria dessas celebridades (a não ser que envolva crime ou bafão). Querem que acreditemos em suas vidas são perfeitas, pois assim seguiremos o exemplo deles (estilo de vida + personagem das telas) nos matando para comprar tudo que for possível (inclusive plástica) para nos sentirmos iguais ou próximos do universo deles.

...Mas ao menos nós, reles mortais anônimos, não corremos o risco de ver nossos tropeços e micos escancarados para o mundo; nem somos impedidos de fazer as coisas mais deliciosas e simples, como caminhar na rua sossegadamente num domingo ensolarado. A vida real das celebridades definitivamente não é o que parece. Clark Gable que o diga.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Não preciso provar nada para um Deus de Plástico

Façamos justiça: o nome desse blog não fui eu quem deu. Eu roubei a frase do meu amigo Digão, grande Rodrigo Travitzki, sensível e inteligente que só, durante uma conversa sobre a a vida e suas contradições. Discutíamos dilemas como tempo ou dinheiro, as coisas que investimos energia e acreditamos, das coisas que voltam para a gente porque foi a gente que mobilizou. Não. Nós não precisamos provar nada para um Deus de Plástico.

Eu não sei o seu, mas o meu Deus tem alma e não é feito de derivado do petróleo.

domingo, 30 de março de 2008

*Papo Sério* Inaugurando o Blog

"O Catecismo me ensinou, na infância, a fazer o bem por interesse e a não fazer o mal por medo. Deus me oferecia castigos e recompensas, me ameaçava com o inferno e me prometia o céu; e eu temia e acreditava.

Passaram-se os anos. Eu já não temo nem creio. E em todo caso - penso -, se mereço ser assado e cozido no caldeirão do inferno, condenado ao fogo lento e eterno, que assim seja. Assim me salvarei do purgatório, que está cheio de horríveis turistas de classe média; e no final das contas, se fará justiça.

Sinceramente: merecer, mereço. Nunca matei ninguém, é verdade, mas por falta de coragem ou de tempo, e não por falta de querer. Não vou à missa aos domingos, nem nos dias de guarda. Cobicei quase todas as mulheres de meus próximos, exceto as feias, e assim violei, pelo menos em intenção, a propriedade privada que Deus pessoalmente sacramentou nas tábuas de Moisés (...). E como se fosse pouco, com premeditação e deslealdade, cometi o ato de amor sem o nobre propósito de reproduzir a mão-de-obra. Sei muito bem que o pecado carnal não é bem visto no céu; mas desconfio que Deus condena o que ignora"

Teologia/1, Eduardo Galeano "O Livro dos Abraços"