segunda-feira, 31 de março de 2008

Não preciso provar nada para um Deus de Plástico

Façamos justiça: o nome desse blog não fui eu quem deu. Eu roubei a frase do meu amigo Digão, grande Rodrigo Travitzki, sensível e inteligente que só, durante uma conversa sobre a a vida e suas contradições. Discutíamos dilemas como tempo ou dinheiro, as coisas que investimos energia e acreditamos, das coisas que voltam para a gente porque foi a gente que mobilizou. Não. Nós não precisamos provar nada para um Deus de Plástico.

Eu não sei o seu, mas o meu Deus tem alma e não é feito de derivado do petróleo.

domingo, 30 de março de 2008

*Papo Sério* Inaugurando o Blog

"O Catecismo me ensinou, na infância, a fazer o bem por interesse e a não fazer o mal por medo. Deus me oferecia castigos e recompensas, me ameaçava com o inferno e me prometia o céu; e eu temia e acreditava.

Passaram-se os anos. Eu já não temo nem creio. E em todo caso - penso -, se mereço ser assado e cozido no caldeirão do inferno, condenado ao fogo lento e eterno, que assim seja. Assim me salvarei do purgatório, que está cheio de horríveis turistas de classe média; e no final das contas, se fará justiça.

Sinceramente: merecer, mereço. Nunca matei ninguém, é verdade, mas por falta de coragem ou de tempo, e não por falta de querer. Não vou à missa aos domingos, nem nos dias de guarda. Cobicei quase todas as mulheres de meus próximos, exceto as feias, e assim violei, pelo menos em intenção, a propriedade privada que Deus pessoalmente sacramentou nas tábuas de Moisés (...). E como se fosse pouco, com premeditação e deslealdade, cometi o ato de amor sem o nobre propósito de reproduzir a mão-de-obra. Sei muito bem que o pecado carnal não é bem visto no céu; mas desconfio que Deus condena o que ignora"

Teologia/1, Eduardo Galeano "O Livro dos Abraços"