terça-feira, 15 de maio de 2012

os rótulos e o controle social

Outsiders foi um estudo pioneiro de antropologia urbana, publicado pela primeira vez no início da década de 60 nos Estados Unidos. Este livro inaugurou os estudos do "desvio social" (ou "delinquência"), propondo investigar os processos pelos quais a sociedade cria normas e reage às suas transgressões. O mais interessante é que a explicação deixava de se basear em premissas morais para destacar o caráter interacionista de todos os participantes envolvidos numa transgressão. Ou seja: o comportamento desviante (ou criminoso) é em primeiro lugar, aprendido socialmente e não um produto de "personalidades falhas" de cada indivíduo; depois, o autor demonstra como o contexto, o grupo social, os fatores psicológicos e, principalmente, a rotulação e a definição das pessoas enquanto "marginais" ou "delinquentes" são fatores igualmente importantes na emergência do desvio de comportamento.

Vale lembrar: rotular pode parecer uma brincadeira inocente, mas de inocente não tem nada. Rótulo é controle; fundamenta políticas.

Aqui vai um trechinho e as referências bibliográficas:
"As teorias interacionistas do desvio (...) prestam particular atenção a diferenciais no poder de definir; no modo como um grupo conquista e usa o poder de definir a maneira como outros grupos serão considerados, compreendidos e tratados. Elites, classes dominantes, patrões, adultos, homens, brancos - grupos de status superior em geral - mantêm seu poder tanto controlando o modo como as pessoas definem o mundo, seus componentes e suas possibilidades, e também pelo uso de formas mais primitivas de controle (...). O ataque à hierarquia começa com uma ofensiva a definições, rótulos e concepções convencionais de quem é quem e o que é o quê". (BECKER, Howard S. Outsiders; Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. Pp. 204)


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